FANTASIAS E MEMÓRIAS

Nem filhos, que dirá netos,

Conhecem todas façanhas,

Das conquistas, dos afetos,

Deste velho e suas manhas.

Minha herança será pouca,

Quem sabe até surjam queixas,

Mas curti a vida louca,

Beldades e algumas gueixas.

Coisas importantes fiz,

Muitas bobagens também,

Hoje eu empino o nariz

Por deusas do antigo harém.

Dizem que sou provinciano,

Mais por ser porto-alegrense,

Sinto orgulho pelo engano,

Pois o mundão me pertence.

Profissão, força e carinho,

Certa valia e vontade

E bebendo este bom vinho,

Das rosas tenho saudade.

Estou bem servido, é claro,

Bela flor no meu jardim,

Mas recordar não é raro,

É um devaneio sem fim.

A Mãe me puxava a orelha,

O Pai espantava o bando:

Cachorro que come ovelha,

Diz o sábio, só matando.