Alma, andas tão arredia
cabisbaixa,
indiferente...
Cansou-se ?
Estás apática...
Nada lhe toca
Nada lhe grita
Nada lhe compete
Nada lhe faz, nem mais triste
...Nem mais feliz!

Nem a sonata na velha vitrola
Nem as fotografias sobre a velha cômoda
Nem a brisa fresca
que vem não se sabe de onde
...Muito menos para onde .
Coisas estas que lhe encantavam
Punham sabiás em sua laranjeira
Ventanias nas roupas dos varais
Panapanás à revoar sobre suas margaridas
Coisa simples assim
Mas que acrescia vida aos teus versos.

Mas esta apatia, talvez
seja um desaforo...
Ou uma solenidade,
um recado à dor dos dias de outrora
E até do desamor
Ou do amor
( Quem poderá saber)
Ou dizer?

Mas anima-te alma
Ainda há muitos céus azuis 
As flores brilham do orvalho da madrugada
Colha-as
Enfeita tua casa...
A vida é dádiva
Nem tudo é pranto
Nem sempre é desencanto
Canta uma canção...
Vinícios, Elis, Toquinho, Tom!

Descobre as palavras
Há teias de aranhas sobre elas
Atire-as no papel, corajosamente 
Gasta a tinta na caneta, antes que seque...
Desperta , óh alma;
seja lá como for
Ressuscita em ti o riso
Nem que seja de improviso!
Lá fora as crinaças ainda brincam
O mar ainda abraça o pescador
e é eterno o amor.
E a poesia,
ah, a poesia em ti
ainda é menina.



Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 04/12/2016
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