Ah, meu amigo de olhar mais adocicado que o mel
Quanta meiguice vejo em teus olhos de estrelas
Os desfortúnios desta vivência tão crua e renhida 
Não lhes roubaram a ternura e o calor pela vida
És um conforto para minh'alma ingrata e ressentida. 

Todos esses desencantos não roubaram teu encanto
Ainda cultivas um jardim por entre as fendas do inferno
Uma certa doçura, um poema, uma sublime paz...
Teu coração é terra fértil para bromélias e margaridas
Afugentas, como ninguém, as dores que a vida trás.

Olho nos teus olhos e mergulho em mares de esperança
Tens no olhar cantigas de roda, beija-flores e riso de criança!
Invejo-te, meu doce e mais amável amigo das horas!
Essa fluidez de alma, essa brandura de calma, essa fé
Que poe beleza na escuridão...Em lugar de pedra, pão.

Conserva nesse olhar a dor de quem foi e tudo viu...
Sentiu na carne o sangrar dos cortes da indiferença
O tapa na cara da desumanidade dessa gente hostil 
Mas com tamanha maestria tornas-te a feiura em beleza
Teu olhar deixa transparecer o amor de tua alma gentil.... 

Como essa suavidade te veste bem, meu caro amigo...
Cai-lhe no ser como as asas brancas de um anjo de luz!
Sabe, tua alma sabe__ Um dia cruzarás o portal do paraíso
E então poderás varrer este resquício de dor dos olhos
Serás poesia. Terás, então, na boca e nos olhos teu sorriso! 

 
Elisa Salles ( Elisa Flor)
Enviado por Elisa Salles ( Elisa Flor) em 02/12/2016
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