Desilusão
“Solidão, palavra cavada no coração, resignado e mudo,
No compasso da desilusão...”
(Paulinho da Viola)
Solidão machuca.
Quando dura pouco
Facilmente tem cura.
Mas quando é duradoura
Queima por dentro,
Aperta a garganta
E seca seus olhos
Pra que você nem possa chorar.
É muito triste.
É muito forte.
É assustador.
Até mais do que a morte.
É deprimente.
A solidão faz parecer
Que todas as soluções cessaram
E que as suas esperanças secaram.
E, então,
Só sobra um imenso deserto
Pra caminhar a sol aberto
Queimando seus pés
E sugando suas forças
Para que você caia
E veja se os abutres já estão chegando
Para acabar de uma vez
Com histórias de poucas alegrias
Perto de muitas angústias.
Não é covardia não querer mais a vida
Covardia é esconder
Dentro de uma rocha oca
Uma coisa que acabará com os alicerces dela.
Você mesmo
Prestes a explodir,
Se não conseguir derramar
Uma lágrima sequer.
Jéssyca Pinho
Belém, 7 de abril de 2008.
(19:53)