A voz do silêncio
Não entendo por que penso em você,
Será que sou carente demais pra esquecer?
Seguir em frente, sem esperar sua voz,
Mas na memória, somos nós.
Que parte de mim ainda te espera,
Se prende, se engana, insiste, exagera?
Apegada às migalhas, desvio a solidão,
Como um grão perdido na imensidão.
Mesmo distante, sinto que está lá,
Algo intocável que não quer passar.
Uma ilusão de oásis, promessa de paz,
Que no fundo sei, jamais me traz.
O tédio me cerca, mesmo em boa companhia,
Comigo mesma, que um dia eu temia.
Sinto a falta, o vazio a espreitar,
Queria fugir como um rio para o mar.
Obrigada a sentir, não posso negar,
Que a solidão é destino a enfrentar.
Mesmo na multidão, é ela que vem,
E me lembra: sou só, como mais ninguém.
A voz do vazio é grave e constante,
Chega sorrateira, toma cada instante.
Como a noite que apaga o dia,
Sem licença, rouba a alegria.
Mesmo com luzes e céu estrelado,
Sua presença é sombra ao meu lado.
Sem a ilusão de te rever,
Cada raio de sol, eu tento viver.