DESTINO
Farto de tantos anos em solidão
Um varão com desespero a corroer
Resolveu buscar a companhia
De uma bela dama
Logo pela tarde do mesmo dia
Ao Sul se dirigia ansiosamente —
No entanto, dava-lhe a sensação
De que todas as belas damas
Seguiam em direcção ao Leste
E quando voltava para o Leste
Elas partiam em sentido contrário
Do Norte, infelizmente, a seu ver
Apenas chegavam aquelas outras
Aquelas sem graça
(Assim andava nesse percurso
De idas e voltas incessantes)
Confuso, findou ali, em Luanda
Numa sanzala de pau-a-pique
Ao lado da praça antiga
Onde somente velhas senhoras
Marcavam presença
Dentre elas
Umas com dentes podres
E outras sem nenhum
Foi aí onde uma senhora velha
E toda desdentada
Amavelmente se aproximou dele
— No começo
Estava um tanto acanhado
Depois
Em um desespero ainda maior
Ele acabou por ficar com a velhinha
(E ela com ele)
Nesta trama da solidão densa
Que juntos têm suportado
"só pode ser destino!"
Fofocavam os amigos dele.
Escrito em Kimbundu.
Tradução portuguesa do autor.