CASO DO COLIBRI, A FLOR, A FADA E A SOLIDÃO
Não sei muito como é a solidão do colibri,
Suponho que seja uma solidão passageira.
Porque ele se move como uma luz,
ou seja:
Existe uma ausência sonora, mas, brilha como a luz,
Seu vaivém entre as flores é estimulante,
Receio de uma cena que aparece nos meus sonhos,
Penso que existiu,
Acredito.
Eu o vejo voar o tempo inteira no meu jardim,
Como se fosse uma fada para beijar minhas flores.
Tenho esse mistério sombrio em meu quarto
Porém, não sei quem é a fada, como se chama o colibri.
Essa fada seminua que circula minha cama,
É a solidão de um hábito feito de desejo
É a imagem que surge na penumbra do meu sonho
Para se mostrar, para dançar, ser a canção que guardo na mente, mas não a decoro.
Fato, nada mais eminente do que a rotina única,
Esses desejos, que a carne esquece e o sangue não aquece, e as imagens habitam os olhos.
Essas coisas transpassam e não sei dizer,
Como se chama, nada se assemelha,
Mas, estão aí, um colibri que reluz, uma imagem sem destino, essa carne em fogo, esse eu...
E, uma fada, semelhança em mulher.
Quis dizer do colibri que circula entre as flores,
Da solidão que se apropria de minha alma,
Da flor que dá sua vida, sua cor, seu cheiro para um colibri que acredita no amor,
De uma fada que se assemelha...
De um solitário em meio a multidão.
Léo Pajeú