Poema - O homem que não podia amar
Poema – O homem que não podia amar
Ah se vocês soubessem
Se ao menos pudessem sentir
Uma fração das minhas angústias
Chorariam por toda eternidade
Mas se conhecessem o amor
Que vive em meu peito
Viveriam por mais mil anos
Ainda que as enfermidades da vida
Os colocassem de joelhos
Lutariam para viver este amor.
Vivo com este amor em meu peito
Rasgando as minhas entranhas
E não posso nem por um segundo
Vive-lo em meu âmago
É como se o amor
Nascesse em meio as entranhas
As tripas, os monstros, os nazistas
Os assassinos em série, os pedófilos
Dentre aqueles que maltratam os animais
No meio das criaturas mais repugnantes do mundo
O amor...
Foi nascer em mim
Na criatura mais grotesca que algum dia
Se arrastou pelas vielas deste planeta
Vocês nunca compreenderiam...
Como é amar tanto uma pessoa
E ver em seus olhos, o medo em seu olhar
Ver as lágrimas caindo pelo seu rosto
Dizendo que todo o causador do seu sofrimento
É você! Você! Esta criatura maldita que traz ao mundo
Todo tipo de pestilência...
Durante toda a minha vida
Eu assisti a minha mãe chorando
Por algo que eu havia feito
E nem ao menos sabia o porquê
Assisti amores clamando pelo suicídio
Pois não suportavam mais me amar
Eu destruía todos eles
Não porque eu queria
Não porque eu gostava
E sim porque eu existia (...)
Estava na minha essência
Toda aquela monstruosidade
Fazia parte de mim
Então eu me recolhia com medo e angústias
Feito uma criança carente e órfã
Sozinho aonde eu não conseguia ferir ninguém
Ali no recanto da minha solidão
Cultivei doenças mentais
Que corroem a mente e deturpam a minha sanidade
Eles dizem que eu preciso mudar
Que eu preciso ser melhor
Mas nenhum deles olhou em meus olhos
E ao menos tentou compreender
Que desde o momento do meu nascimento
Eu venho tentando ser melhor
Para fazer os outros sorrirem
E ainda assim
Os faço sofrer como mártires
Em infernos escaldantes;
Oh Deus... Por que?
Por que a mulher que eu amo
Da qual dediquei e dedico toda a minha vida
Para fazê-la Feliz
Me olha com medo...
Será que ela também vê?
O que todos vêem
Um monstro...
Uma criatura repugnante
Que não merece ser amada
Me perdoem pelas lágrimas em seus olhos
Pela dor causada por mim
Guardarei este amor no fundo do meu peito
E me enforcarei em um lugar bem distante
Aonde as únicas testemunhas
Seja a brisa fria congelando o meu corpo...
- Gerson De Rodrigues