Poema - O dia em que eu morri
Nunca fui um homem feliz
tampouco um homem de virtudes
E nunca acreditei
que algum dia o seria
Ainda que em meu coração
resida uma humilde esperança
de não ser obrigado a carregar
o mundo em minhas costas
Ah (...)
O mundo!
Este mundo que eu sempre odiei
esta espécie que me causa repulsa
E ainda que eu a odeie
com todas as forças
Luto com a minha Alma
segurando bandeiras antifascistas ao meu lado
Luto para que algum dia
nenhum homem, mulher ou criança
Venha a sofrer
o que eu tenho sofrido em vida
Dos preconceitos aos olhares tortos
dos olhares de julgamento
Dos fascismo e o racismo
impregnado no preconceito
desta sociedade doente
Luto...
para que nenhum
de vocês sofra
o que eu tenho sofrido em vida
A depressão que me assombra
desde a epiderme da minha infância
A ansiedade e as paranoias
que fazem de mim um monstros
Das caminhadas solitárias
com os olhos embargados cheios de lágrimas
Até o medo de me encarar no espelho
e desejar por mais um dia
uma bala impregnada
na minha cabeça
Ainda assim eu luto
Luto por aqueles que eu amo
Luto por esta sociedade doente
Luto pelas políticas e causas sociais
Mesmo sabendo que o Amor
e as causas
não lutariam por mim...
E se eu luto
é porque no ápice da minha
monstruosidade
Não desejo que nenhum de vocês
sofra, o que eu tenho sofrido em vida
Quando lerem os meus livros
e virem as minhas fotografias
Ainda serei para muito de vocês
senão todos...
Um monstro
um homem doente
Nunca fui um homem feliz
tampouco um homem de virtudes
Em vida amei os animais
Me apaixonei por uma Deusa
E senti a chuva caindo pelo meu rosto...
Quando encontrarem o meu corpo gelado
Deitado de bruços em algum destes cantos
Por favor não chorem
tudo que vêem é um monstro
Um homem sem virtudes ou valor..
Deixem-me apodrecendo com as baratas
pois lá sim é o meu lugar (...)
- Gerwon De Rodrigues