Poema – Líricas de um homem desgraçado

Desgracei a minha vida

Desgracei os meus sonhos

Desgracei aqueles que tentaram me salvar

Sou um desgraçado

Vivendo em um ninho de ratos

Me alimentando das minhas próprias fezes

(E se algum dia me salvarem e me tirarem daqui)

Enforcarei cada desgraçado que ousar tirar de mim

As minhas angustias

Para um homem desgraçado como eu

Não há Santo, Deus, Filósofo ou Poeta

Que possa salvar a minha alma

Sou um homem terrível!

Entre mil nazistas, pedófilos e cristãos

Sou as fezes da escória de cada uma destas criaturas

Caminho pelas ruas assustado

Desesperado como um lunático

Com medo de esquinas vazias e avenidas barulhentas

Em busca de um sentido, uma fé, um abraço que seja!

Então grito como um lunático!

- Aonde estão? Aonde estão todos os Deuses?

- Aonde estão os Heróis que aprisionaram os Diabos da Goétia?

- Julguem-me!

- Crucifiquem-me como fizeram com cristo!

Não vêem que até a morte cuspiu em meu rosto imundo?

Que a minha própria mãe mijou em meu berço?

Que me estupraram quando criança?

Para me ensinar as ‘’Lições da vida’’

Sou um homem podre! Sujo!

Desta sujeira, que tampouco se parece com um homem

Nasceu então um Poeta

A escória de tudo aquilo

Que os pré socráticos e os sofistas ensinaram ao mundo

Nunca fui um aprendiz dos grandes mestres

As baratas me ensinaram a escrever Poesias!

O que é a depressão?

Para um homem que nunca se importou

Com o destino da sua própria alma

O que é a solidão?

Para quem viveu

Sua vida inteira no escuro

E esta sensação de que tudo é um sonho

E que eu sou o protagonista na vida de um Poeta insano

Me faz entender solenemente que toda essa insanidade

Exalando das minhas entranhas nada mais é do que o desejo

De vingança do próprio Diabo contra os filhos de Deus

Falhei em tudo

Falhei como Filho

Falhei como Pai

Falhei em amá-la

Falhei até mesmo em ser Poeta

Sou hoje a desgraça de todas estas falhas

A decepção de todos os sonhos

As angustias de um Suicida encarcerado em camisas de força

Sou um homem desgraçado!

E destas desgraças, farei Poesias!

- Gerson De Rodrigues