LASSO
A franja do cabelo
Da moça cobria
Sua sobrancelha
Só um terço do colar
Quebrado
Não cabia em seu
Pescoço.
Ela inclinando os olhos
Para o abajur
Eu vi uma réstia de luz
Tremulando no varal.
Saí buscando
Água de lavar
Com as mãos úmidas
De orvalhos.
A lua bailava
No deserto do céu.
As nuvens sussurram
E ouço um som
De alaúde
Me visto de ânimo
E o meu corpo dança.
Os lassos dos meus
Olhos adormecem
Na beira do caminho
Arenoso
E inexplorado.
Cruzo os braços
Na sombra de um
Arbusto sem folhas.
A luz do colar
Da moça
Me incandeia
Arrasto os meus pés
Ao seu encontro.
O toque de suas mãos
Afuguenta
O meu cansaço
Meu lado amasiado
Abandona
Uma atrevida
Angústia de andar
Tão só.
Daniel Gomez.