O poema que não aconteceu...

Um poema me veio hoje,

mas me escapou das mãos.

Minha grafia não foi mais rápida que o pensamento...

o poema se esvaiu,

feito vento em silêncio.

Antes, riscou parte do caderno,

escrevendo a única palavra possível:

medo.

Um poema sobre medo,

talvez dissesse o mais do mesmo,

o seis por meia dúzia.

É que sei tanto de medo

que tenho medo de dizer o quanto que sei.

O poema escapou das mãos...

e o pensamento envolto

as inúmeras possibilidades,

ficou no vácuo.

O medo, no entanto,

pegou coragem

e se instalou muito mais

em minha linha de raciocínio.

Tenho medo de continuar o verso...

pois na solidão, a poesia que seria futura,

no vento que se foi,

saiu sem nem ao menos explicar

o seu porquê.

Já o medo está rabiscado no papel,

de uma forma tão profunda,

que borracha nenhuma o apaga...

28-03-2020

10h45min

Murillo diMattos
Enviado por Murillo diMattos em 28/03/2020
Reeditado em 28/03/2020
Código do texto: T6899480
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