Insônia
Eu quero dormir e não consigo
Antes fosse só a solidão batendo
Mas há um demônio que me incomoda
E atordoa minha paz aqui dentro
É a preocupação que me abala
E finjo ser forte e não sentir
O futuro me vem como um trem bala
E eu corro para ele não me atingir
Mas meus passos são vagarosos
E o trem me parte em pedaços
O sono agora se deita
Com pensamentos e descompassos
E o passado vem e me corteja
E eu beijo suas mãos vis
E percebo que ele nada mais é
Que o fruto de memórias hostis
E sem sono eu sinto saudade
Penso em como seguir sempre em frente
Mas os pensamentos me vêm com maldade
Socando meu rosto e arracando meus dentes
Até o meu dom da escrita
Há um tempo sinto apodrecendo
Sinto que já não sou tão brilhante
É sob esse escárnio que estou perecendo?