VIDRO
Sinto-me alado diante do espelho do camarim da vida;
Meu reflexo desaparece diante dos meus olhos de vidro;
Transponho-me em pensamento ao vácuo despedaçado.
Sinto-me perspectivamento sensorial aos fatos do eu sou e estar;
Sozinho numa linha linear que nunca separou o tu do eu;
És e estás no meu ser aquebrantado o sofrer;
E na fragilidade do eterno adormecer;
Lugares incertos quebram-se em minh'alma para alimentar-te;
Nos espelhos de vidra n'alma dolorida.
Sérgio Gaiafi