FATALISMO
Restou-me, apenas, exilar-me
No túmulo da saudade
Meu obituário foi escrito
Com a tinta da tua despedida
E nela pude reconhecer
A caligrafia do teu abandono
Meus sonhos foram enterrados
Junto às vãs expectativas
Meus planos naufragaram
No vórtice da tua partida
Agora, recolho os destroços
Do despedaçado coração
Para que, quando a autópsia chegar
Se declare que foi
Outra paixão não correspondida
E assim,
Vou morrendo e ressuscitando
Sempre
Que um pretenso amor
Vem depositar flores
Na lápide da solidão
Onde ao desígnio, o sofrimento
É imputado
E sepultado
Sob o véu de mais uma desilusão
Restando apenas, insepulta
Como se fora um anátema macabro
Um resquício refratário de ilusão
Por um inédito recomeço.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
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30 de julho de 2019