SILÊNCIOS DA NOITE

SILÊNCIOS DA NOITE

(Uma vida não vivida)

Ouço as vozes da madrugada

Compactuando com os silêncios

Em negras nuvens, contidos

Mas que rugem, incontidos

Eles surgem

Das catacumbas

Descerradas pela noite avançada

E se insurgem

E se projetam, cruéis tormentos

Nas catapultas

Dos meus insones pensamentos

.

Eles me asfixiam de verdades

Que a azáfama do dia ensolarado

Procura ocultar

Eles me convidam, como alarmes

Para inquietantes reflexões,

Eu sei!

Me aproximam daquilo que nunca fui

E nunca serei

Desnudam minhas ilusões

Desmascaram as minhas esperanças

Eles, impiedosos algozes

Se revelam nessas vozes

Emudecidas nos interiores

Reprimidas nos corredores

De uma vida inacabada

De sonhos vãos

Que logo se vão

Para uma vida acabada

Perdida, nula e erradia

De uma existência vazia

Sem absolutamente nada!

.

Nesta hora

Até a minha poesia se evade

Ela, que pensava ser meu baluarte

Se torna tão baldia

.

Delega minha dor para ponteiros

Dos relógios, dos ócios, dos ópios

Clamando para que o tempo me traga

Uma réstia de sono

Para fugir destes silêncios

Desta diuturna aflição

Até o próximo despertar

Sob o incipiente sol

Que restaura e ressuscita

Mais um dia de ilusão

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

Direitos reservados. Lei 9.610/98

17 de julho de 2019

Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 22/07/2019
Código do texto: T6702115
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