CAMA VAZIA

CAMA VAZIA

(A dor nunca dorme!)

Todas as noites

A saudade insepulta

No leito abandonado

No ventre se oculta

Deita-se comigo

Encaro-a, paralisado

Esboço uma resignação

Mas só aumenta a penitência

A interminável circunferência

Dos ponteiros

Dos morteiros

Do relógio inimigo

Rotação vagarosa

A 360 graus

Despedida pesarosa

A 360 degraus

Da escadaria da minha vida

Um adeus,

Que ela, totalmente decidida

Me deu

Quando pela escada

Desceu

Não sinto mais

O peso que desalinhava o cobertor

Eu sinto tanto

O desencanto

Sinto demais!

A fuga arquitetada antes do alvor

O lençol permanece desamassado

E o lenço teima em ficar molhado

O amarfanho saiu da cama

E se instalou na minh!alma

Não busco mais seu atrito

Restou-me, agora, contrito

Ficar soturnamente restrito

À minha solidão

Do tamanho da cama

Que lamenta e clama

Pelo seu perdão!

A noite que não avança

A insônia sempre vence

Não existe mais avença

Nada mais a convence

A noite é dura

E perdura ...

Criatura

Tão fria

Baldia!

Inclemente!

Que pincela

Cruelmente

Todo o dia

Minha agonia

Na aquarela

Da moldura

De uma cama vazia!

© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves

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Leonardo do Eirado
Enviado por Leonardo do Eirado em 07/03/2019
Código do texto: T6591880
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