O poeta obscuro

O seu passado, um louco conto já escrito

Seu futuro? Todas as páginas em branco

O presente, é esse lápis ai, sem ter ponta

cuja a história é a vida que não lhe conta

Autor que nunca que descobre, o quanto,

persiste o tema de ouvir seu próprio grito

Quis criar o universo à luz de seu quarto

aonde o apagar das luzes, noite sem lua

Vislumbrou o que poderia assim ter sido

o mundo seu, diminuto, todo constituído

A estante, seria um emaranhado de ruas

Todo livro, um ser vivo, seu próprio relato

Entre a poeira dormida das suas gavetas

as muitas historias sobre o quê que ele é

As coisas, que ninguém não se interessa

retalhos corroídos, das tantas conversas

Baú fundo, de mofados papeis sobre a fé

perdidos planos e tantas velhas canetas

As escritas, tão à toa, foram registradas

pelos sonhos não acordados, que enfim

foram inventadas ao sabor de um vazio

outras ditas no calor dum momento frio

umas digitadas, outras de puro nanquim

Seus desenhos de tudo, a troco de nada

E o pó, se inerte assim, esse não fosse

talvez, ele até dissesse, quanto que o lê

Sobre de tudo o quê ali está acumulado

singulares baiões e até os plurais fados

do poeta, que sendo eu, chamo de você

pois a 1a. pessoa nunca rima com foice

09-02-2019

18h47minn

Murillo diMattos
Enviado por Murillo diMattos em 11/02/2019
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