Vazios
Sou a soma de todos os meus vazios
Incompletando-me na medida dos meus medos
Esculpo-me na face mais inacabada dos meus desejos
Que repousa em silêncio
No limbo que se construiu
Em algum lugar
Fora do alcance até do esquecimento
Entre o futuro e o passado
Defenestro-me pela moldura avariada da janela
Que minha alma deixou escancarada
À mercê do abandono
E nesta lacuna existencial
Vou-me preenchendo
Com um sumo de lágrimas
E uns goles de esperança vã
Restando-me apenas, como refrigério,
Uma vaga impressão
De que os meus versos possam me redimir.
© Leonardo do Eirado Silva Gonçalves
16 de outubro de 2018
(Todos os direitos reservados, na forma da lei 9.610/98)