Solidão

O sol dá as caras mais uma vez por aqui

Não há refúgio pelas ruas ou pelos campos

As coisas estão dispersas pela simplória casa

A vontade fragmentada por todos os cantos.

Ouço o som corriqueiro de carros e motos

As frases previsíveis da tão feliz vizinhança

Na tevê somente apelações e sensacionalismos

No reflexo não há rastros da utópica esperança.

Mundo cinza em colapso absoluto e infinito

Desorientado por inúmeras curvas e retas

Ausência perturbadora dos sinais de equilíbrio

Prisão angustiante com as portas semiabertas.

A razão está se perdendo nos vales sombrios

A perspectiva não transpõe os muros contíguos

Pelos arredores se instala o medo mortífero

Fervem em meu peito os sentimentos ambíguos.

Há discernimentos sobre a necessária loucura

Os olhares malditos naquelas horas tardias

Avaliações meio confusas sobre tudo e todos

O alcance das lindas flores nas inacessíveis vias.

Os ponteiros acelerados correm desvairados

As malas por fazer deixadas em algum corredor

Vários caminhos onde os raios solares inexistem

A solidão imponente seja lá para onde eu for.