NOSTALGIA
Saudades da velha infância
Dos meus tempos de criança
Onde a dor era sentida no momento
Não mais que no instante da dor...
... Depois da surra renhida,
esquecia a ferida no couro
Fazia da brincadeira o tesouro
que encantava os sonhos
Não havia o verso tristonho
Apenas os de amor
Amor de menina
Amor sem beijos ou mãos atrevidas
Apenas os olhares pelas arestas do barraco
Memórias tão queridas...
Como o mar sob o barco
Contemplação de um velho retrato
Mas,
... Tudo era tal como agora
Com suas tragédias e terrores
As indiferenças, os dissabores
Mas hoje tudo demora...
Cá dentro a ferida persiste
E o poema sempre é triste
Mesmo nos dias de sol na beira do cais
" Nunca mais"
Só nos sonetos da Corvo.
Um estorvo
Mas a gente se acostuma a ser só alegria plena na lembrança
dos dias de criança de trança,
no versar que anestesia o agora,
sempre repleto do verso.
A vida segue seu rumo
E sorrimos sempre, sempre
... Mesmo que um riso enviesado e meio sem rumo.
Mas com poesia.