Sou e estou

Mão na mão,

Vento no rosto.

O oposto

Do que vinha sendo.

Vivia como se buscasse o agora,

Como se o afora fosse o instante,

Vibrante, renascido.

Como se um estampido

Anunciasse vida.

Como a água que escorre e enche a poesia

Como o amor que anuncia,

A dor que esvazia

Como o pássaro que volta

Trazendo a aurora que esteve oculta.

Como a tarde turva que se torna luz

Como a palavra que busca

O sonho perdido

Como o remédio que sara

O que foi ferido.

Como o agora que traz

O que nunca foi trazido.

Como um céu tecido de estrelas

Que estavam distantes.

Como o silêncio convidado a mudar o rumo

Como a construção que dá o prumo.

Como o domingo que penteia

O que está por vir.

Tudo o que passou fica ausente

Como se fosse fantasma.

Hoje,

O barco que viajo velas coloridas

Sol, sal, mar, jasmim

O fogo nos olhos

E a geografia de mim.

O relâmpago,

Ilumina os ossos que me sustentam

E os sonhos que me alimentam.

O umbigo,

Como símbolo.

A boca,

Com o frescor.

A mão,

Que segura o amor.

A pomba caolha voa longe.

Assim,

Me presenteias com a vida

A claridade cresce

Sinto a pele devolvida.

Vejo a curva como um seio.

O domingo sem nuvens.

Escuto o som das mangueiras

SOU E ESTOU.