Preciso pisar o meu chão
Sempre quis que a mulher que eu amo
Aninhasse meus sonhos,
Que fosse o bafejo da minha sorte
E que o espelho me segredasse o futuro
Que o amor regesse a minha sombra e memória
E que desse luz às reminiscências
Que desmanchasse as agruras
E me deixasse terno e eterno
Porque me faz sofrer a mão que se afasta.
Provei do seu tempo e de sua alegria
Por isso, não consigo suportar distância e indiferença.
Não consigo descer os degraus que já subi,
Porque, lá em cima,
Apalpei estrelas e enfeitei o coração de brilho.
Deus me queria sorrindo.
E eu sabia o meu nome.
A vida aflorava a todo instante.
Ao seu lado, eu não sentia medo de nada.
Enxergava nas suas pupilas,
A história da minha vida.
E intuía segui-la sempre, nas noites enluaradas.
A plenitude se fazia ao meu alcance.
Seu olhar me estimulava,
a misturar nossos caminhos, com as aventuras.
Ganhei minhas melhores horas.
Os devaneios pulsavam no meu peito.
Mas, os anos distenderam o que havia dentro de mim.
Meu nome virou apelido
E o meu mar, confunde-se com as espumas.
Que beleza ainda me toca?
O que de mim não afundou no chão?
Nossa árvore se fez frondosa,
Nutria-nos desde as manhãs ensolaradas,
Até as noites iluminadas pela lua.
De sua boca surgiam os suspiros
E eu sentia os impulsos.
Por isso, não quero um amor
Que me nutra de lágrimas,
Nem beijos com sabor de indecisão.
Quero o olhar que surpreende e aquece
E não a sensação de que estou tendo,
Como se estivesse perdendo.
Ela molhava a minha existência,
Com a água da chuva que vem do céu
Com tanto arrebato, meu rosto ganhava súbitas cores,
quando ela me tocava.
Como um amor assim pôde se dissipar?
Ontem avanços, hoje recuos.
Os desconcertos me fazem caminhar um corredor sem fim
Mas, conservo dentro de mim
O meu instante de renovação.
Não posso perder meu rosto,
A língua da minha terra,
A minha identidade,
O prazer de pisar o meu chão.
Em compasso de espera,
Contento-me em não fazer ruídos.