Chuva de inverno
Numa casa de campo vivia.
Na sala sempre gostou de estar,
E um candelabro do teto pendia.
Um livro em mãos,
Aquele que já cansou de estudar...
No telhado velho, batia forte
A chuva no mês de junho...
Anunciando o inverno chegante.
Os pés no chão frio.
Cabelos presos, noite escura.
Sombras pavorosas.
Com gritos de alegria a contradiziam.
Ao longe, gritos de alegria...
Música.
E alegria.
Acompanhavam o ritmo da chuva:
O pingar na pia da cozinha vazia,
O ranger da velha cadeira de balanço,
O bater das janelas entreabertas...
No livro dizia
"Os trilhos de Viena foram construídos
[mesmo antes de saber se um dia
[o trem passaria por lá."
A contradição
Para alguém que cansou de esperar..
Tão pobre senhora,
Tão velha,
Tão santa,
Tão pobre e medrosa.
Pobre senhora que procurou.
"Arrepender-se é o passado
[a impedindo de viver o presente"
Sempre as palavras do livro seguiu,
Mesmo sem nunca entendê-lo.
Pobre senhora que tenta entender!
A vida não é para ser entendida,
A ela basta ser vivida!
Pobre senhora perturbada pela chuva intensa de Junho...