Ventos Tristes

Ventos tristes pelas janelas empoeiradas...

Pensamentos confusos, reclusos, antigos

prisioneiros. Relances de tantos filmes

reais nesse instante solitário...

Lágrimas amigas, olhos hospitaleiros

Os anos passam velozes em meu imaginário

mas as nuvens que pairam sobre

mim são as mesmas dispersas e cinzentas.

Ventos tristes pelas janelas empoeiradas...

Jardins alheios com suas flores murchas, pétalas

pálidas. São visões recorrentes em

minha amarga e depressiva vida...

Clamores em vão, tardes absolutamente plácidas

Indícios concretos de uma suposta partida

com traços esboçados a cada sol

que vai se pondo naqueles assimétricos montes.

Ventos tristes pelas janelas empoeiradas...

Calabouço sangrento de batalhas inúteis, ideias

inconsistentes. Lutas ferozes cujos

inimigos são ilusórios...

Rotina própria com reflexões transcendentes

Um mundo peculiar com gestos irrisórios

que desencadeia parâmetros incompreensíveis

aos olhos vendados dessas tristes peças.

Ventos tristes pelas janelas empoeiradas...

Furacões e terremotos na cidade abstrata,fria,

solitária. Ninguém nesses arredores

pode ouvir os meus constantes gritos...

Vejo inúmeras portas trancafiadas nesse instante

E nessa solidão me deparo com todos os conflitos

que teimam em habitar a minha moradia e

afundar-me num oceano de loucura.