Despedida
Nem a maior tristeza em meus dias infindos
Que se vão em cada noite num açoite pressentido,
Nem mesmo a solidão no cair da madrugada
Onde acordam os meus sonhos em meio a pesadelos...
Tampouco meu suor derramado nesta ausência
Sequer um palpitar ausente de teu cheiro
E nem um suspirar no torpor de meu silêncio,
Também se eu vejo a mim em tua essência...
Quisera ter-te perto para de mim despedir
Do açoite nestes versos tristonhos, solitários,
Caindo como chuva, serena, qual outono
Levando suas folhas ao vento tal meu pranto...
Já não espero mais que o sol volte e brilhe de novo
Se na vida é só frio, e cinzas, desconsolo,
Pois acordo, então vivo e adormeço novamente
Se eu durmo então morro, não te encontro pra que viva...
Oh, és ao mesmo tempo chegada e despedida,
Aurora e crepúsculo, pranto e alegria,
Dor e sensação de uma vida aventurada
Nesta pobre aventura, parca, rasa, pouca, fria...
Pois de mim eu me despeço se não tenho mais teu colo
Teu cheiro, teu abraço, teu olhar e teu sorriso,
Só deixas teu partir e me firo se te vejo
Assim indo embora... tu chegaste e eu não sabia...
Então vais mas não te esqueças deste ser entristecido
Em que eu me tornei por ver-te em tristeza infinda,
Se nestes simples versos eu derramo minha vida,
Se nesta minha vida esvaeço lentamente.