Sepultando Pensamentos Mortos
Dou-me conta do tardar da noite escura
Desvio o olhar do relógio, porém
Sinto-a chegar trazendo-me a sua solidão, libertando o que o silêncio
Trás junto da escuridão
Liberto em palavras a torrente dos sentimentos encerrados
Para encerra-lo, agora, em outra sepultura
Mortos como a maioria de minhas alegrias
Frágeis, como todas as minhas esperanças
Carrego encerrados em meu peito
Palavras, poesia, pensamentos
Que não são propriamente meus
Ou nunca acreditei que seriam
Não espero a compreensão
Das coisas que em meu próprio ser não compreendo
No entanto é em consentir minha aceitação
Que levo pensando tanto tempo...
Percebo nessas pessoas todas
O mesmo fantasma que assombra a mim
Parece que não somos tão diferentes
Quanto obrigamo-nos a pensar que sim
Vejo também que nem todos percebemos isso e os que percebem
Vivem a fingir que não
Nessa noite escura
Não encontro o fino luar que sempre me ilumina
E que ando procurando sempre
Mas ainda há o silêncio que cala
Dizendo-me coisas encerradas entre as folhas que ainda não caíram ao chão
Dizendo-me um pouco de mim
Reconciliando-me com a minha loucura
Fazendo as pazes com a solidão...