Solidão

Um dia a vida me deu flores

Que a ti eu entreguei com alegria

Não sabia que eram minhas estas dores

Mas deixei em ti doessem porque eu fora

O espinho que por fim te feriria

Só queria que soubesses não queria

Jamais ver-te por tão triste nesta vida

Quando foste jamais imaginaria

Voltaria cá no peito este açoite

Que agora dói por ver-te entristecida

Se pudesse retornar desta tristeza

E voltar no tempo infindo em que insistia

Ter-te perto mesmo em tanta incerteza

Eu, então, mesmo em pranto e angustiado

De tua vida eu, por fim, me tiraria

E agora que a dor foi derramada

No cálice profundo, e turvo, e pálido,

Não mais posso nesta vida esquecida

Ao menos sentir-te de mim perto

Tão-somente tua ausência no meu peito

E neste cais onde fico abandonado

Deixo o pranto escorrendo neste mar

Pois deixei-te tão sozinha, do meu lado,

Se não pude dar-te ao menos meu sorriso,

Mas apenas solidão a machucar.