DAS LEIS DA ATRAÇÃO E REPULSÃO DOS CORPOS E SEUS FENÔMENOS FÍSICOS


I – FENÔMENOS METEOROLÓGICOS E MAGNÉTICOS.
 
Em minha travessia
Pelo continente gelado
Da dor e da solidão,
Sinto as cortantes rajadas
A fragmentarem meu frágil
E delicado coração de gelo
Em pequenos cristais! 
 
Vejo o cintilar dos cristais
À luz do Sol a envolverem
Tua atmosfera densa
– meu Pó de Diamante
é a joia que te ofereço!
 
Sou pó de gelo,
Neve, nevasca sem fim,
Tentando a todo custo
Te conservar em criogenia
Na esperança de um dia
Um feitiço de amor encontrar
Que possa transcender
O desespero e as crenças!
 
Procuro nas noites frias
Te enfeitiçar e tua atenção atrair
Com meus gracejos magnéticos,
Mas minha Aurora Polar parece
Não mais te encantar
E em declinação magnética
Afastas teu norte magnético
Do meu norte verdadeiro
– a verdade não segues
e tua bússola não sigo!
 
Nosso magnetismo pessoal
Nos separa: somos polos
Idênticos que se repelem
– não suportamos o reflexo
que vemos um no outro!
 
É a lei bem conhecida
Em minha pseudofísica
Como Paradoxo da Afinidade:
Quanto mais somos parecidos,
Mais nos repelimos
– Física de partículas
insignificantes no universo
(Física de Seres Humanos)!
 
 
II – PARADOXO DA AFINIDADE, LEIS DA ATRAÇÃO E REPULSÃO, LEI DOS OPOSTOS.
 
(a Poesia, os sentimentos
e as emoções dão lugar
à fundamentação teórica
em linhas técnicas, racionais
e pseudocientíficas disfarçadas
nos versos de um pseudopoema
que faz o elo entre os dois poemas)
 
Há o oposto e contraditório,
E há o oposto e complementar
– assim nos diz a oriental Filosofia!
 
Nessa minha Física subjetiva
De campos magnéticos de influências,
Os opostos se atraem, como naqueles
Paradigmas da Física ortodoxa
 – não me perderei nos discursos
similares àquele sobre o conceito
de Ficção Científica amplamente
conhecido como “Lei da Atração”!
 
Atraem-se homem e mulher
Por serem polos opostos
Complementares por natureza,
Mas se possuem em suas mentes
O mesmo polo, se repelem
E a atração entre os corpos
Não é forte o bastante
Para mantê-los unidos!
 
Não ocorre atração nesse caso
Pela física de campos magnéticos
De influências, mas pela subjetividade
Da psique autoerótica e narcisista
Que se encanta com seu próprio
Reflexo na outra pessoa,
E enamorado de si mesmo,
Acredita-se enamorado desta,
Vivendo uma ilusão própria
De um jogo de espelhos
Que fatalmente se partirão
Ao serem refletidos
Os raios da imperfeição!
 
Metades iguais não se encaixam
Nesse complexo quebra-cabeça
Da estranha Psicologia humana
– a mais pura contradição!
 
Necessitamos de alguém
Para nos complementar,
Para nos completar!
Mas como seria
Esse “completar”?
 
Completar no sentido
De agregar elementos iguais
Para elevar a quantidade
De si mesmo em um nível
Satisfatório, preenchendo
A vida com mesmice e egoísmo?
 
Ou completar no sentido
De agregar elementos
Distintos que ao conjunto
Enriquecerão, preenchendo
A vida com a diversidade
Que lhe é tão característica?
 
Como ter afinidades não é
Ser igual ou se parecer
A alguém, se não formos egoístas
Buscaremos – sem perceber –
A diversidade do oposto
Complementar, daquele polo
Oposto que jamais nos repelirá
E que a nós se manterá coeso,
Dando sentido ao nosso existir
E às leis de nossa própria Física!
 
 
III – ESPAÇO-TEMPO, CORPOS CELESTES E FENÔMENOS ELÉTRICOS.
 
Tu me repeles, e por isso
Vivo nesse deserto polar
Complementar, e há muito
Sou deserto de sal – inabitável!
 
No inverno sou deserto de gelo,
E no verão deserto de areia
– devoro o pó da aridez!
 
Meu coração petrificado
Sinto fragmentado pelos mares
E ventos nas areias do tempo,
E com elas se esvai a vida
Presa na grande redoma
De vidro do espaço-tempo!
 
Na areia desenho
Minha angústia e escrevo
Teu nome em meio
A estas palavras,
Que logo serão sepultadas
Pelas dunas do esquecimento!
 
Quero me converter em siroco
E romper com o tempo
Em violentas e cálidas
Rajadas de vento
A fim de escurecer
Teu Sol e te sufocar,
Para que eu seja
O teu único Sol
E sejas minha única Lua,
Para que apenas minha sejas;
Mas forças já não tenho
Para levantar o deserto
Em minha amotinada e egoísta
Tempestade de Areia,
Que em tempestade elétrica
Se converteria e resultado
Prático algum traria,
Pois continuaríamos nos repelindo
Segundo as leis de minha pseudociência
Que transformarei em protociência!
 
O que me resta, então?
Se não me completas
Com teu elétron e não há
Forma de viver ligado a ti
Como Carbono e Hidrogênio,
Prefiro me diluir na terra,
Me misturar, me perder,
Ser reduzido a pó, voltar ao pó;
Voltar a ser apenas pó de estrelas,
Poeira estelar no vazio da existência!
 
Julia Lopez

27/02/2014


Nota sobre a foto: montagem com alguns recortes da internet, foto do modelo gráfico do CERN representando uma colisão de partículas e foto de ampulheta do banco de imagens americano denominado Corbis, sobre um wallpaper de Aurora Polar do website 4ever.eu

Nota sobre o áudio: Aldebaran
, de Enya.


Visitem meu Site do Escritor: http://www.escrevendobelasartes.com/

Julia Lopez
Enviado por Julia Lopez em 27/02/2014
Reeditado em 10/01/2024
Código do texto: T4708769
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