Velho safado
Velho safado
Uma coisa velha, para um sentimento velho,
Um sorriso forçado, amargurado,
Que bate dentro desse corpo mal aventurado.
Aquela coisa empoeirada, feita pra esse macaco velho,
Que foi esquecido de lado,
Foi deixado as traças, abandonado.
Vai seguindo a velha canção,
E seguindo seu rumo, sem direção.
Largado a beira da estrada,
Subindo a serra sem um estepe para curar um pneu furado,
Vai ficando aquele sentimento abandonado,
Que vai juntando o pó dos anos passados.
Sorria e acene, talvez alguém note o velho tarado,
Ou senão, só vão passar rápido, nem notando o velho safado.
Vai se esquecendo do beijo, e logo vai ficando vazio, sem espaço,
Quando tudo já estava mais do que bem encaminhado.
Mas ai eu me pego, me perguntando,
Porque tem que ser assim?
O que eu fiz, para tudo ficar ruim enfim?
O que foi que eu escrevi de errado,
Quando foi a poesia que falou mais alto?
Vou ficando largado, esquecido pela minha letra,
Que anotei com uma velha caneta,
Nessa pele de chimpanzé velho a minha.
Vou escrevendo, tatuando um sorriso triste e amargurado,
Vou tentando caminhar,
Como o velho mendigo abandonado...