“É MADRUGADINHA”

(Esse avião deve estar em algum engarrafamento aqui de Sampa... quase 5 horinhas de atraso e já passam das 2 da madruga, já é... )

“É MADRUGADINHA”

Ao trote

Do baio

Na estrada

Deserta,

Que bom!

Anoitece.

Ao longe,

No vasto

Horizonte

Da serra,

O pasto

Parece

Suspenso

Das nuvens.

Molhada

De chuva

A estrada

Deserta

Prolonga

A esperança

Da boa

Pousada:

Café

Com mistura;

Cigarro

De palha;

Na escura

Cozinha,

Tições

Que chamejam;

Na sala

Em silêncio,

A rede

Que range.

Ao trote

Do baio,

Que doce

Lembrança

O rosto

Da moça

Que mora

Na serra,

No rancho

De palha!

Serão

Vaga-lumes?

Na sombra

Da noite,

Dois olhos

Espiam

Perdidos

Na moita.

Serão

Vaga-lumes.

De súbito

Um tiro ...

Agora,

No vasto

Horizonte

Da serra,

Silêncio ...

Ao longe,

Na beira

Da estrada,

A moça

Esperando.

A lua

Vermelha

Por cima

Da serra

Começa

A apontar.

Por que

Tarda tanto

O trote

Do baio

Na estrada

Deserta?

"Falou

Que passava

Na boca

Da noite.”

Café

Com mistura,

Calor

E ternura,

Que noite

Bonita

Com a lua

Vermelha

Por cima

Da serra!

Na rede

Que range,

Que bom esperar!

Que bom esperar!

Porém,

Na cozinha

O fogo

Apagou.

A lua

Vai alta.

Na rede

Quieta

A moça

Adormece

Sozinha ...

É madrugadinha.

(In O Poeta e a Lua, de Jean Léon Gérôme Ribeiro Couto).

Lobo da Madrugada
Enviado por Lobo da Madrugada em 18/02/2007
Reeditado em 18/02/2007
Código do texto: T385186
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