Expert
Agora, conta-me como é que se parte
porque de partir tu é quem sabes.
Ensina-me a leviandade das palavras
que fazem doer quando se descobre
que o teu amor por mim foi por meu dinheiro.
Logo eu, que amava tanto o teu beijo!
Logo você, que tantos beijos me deu.
Como pude não perceber tanta vontade inglória!
Tua rigidez me enche de náuseas.
Onde é que ficam os sonhos pelos quais se vive?
Porque me tiras da boca o gosto-celeste
de te ter só minha em nosso quarto e quinto?
Eu não quero amar estranhas.
Não foi a isso que me propus ao te dizer sim.
Por que ter prazer em me ver ferido?
Viva e deixe viver.
Ame-se. E deixe-me.
Os dias passam e eu também passo...
Fiquei pra trás.
Partiste sem aviso.
Fui o último a saber, não avisaste
ao meu coração, que não te amasse.
Agora, conta-me como é que se parte
Por que de partir tu és “expert”.
Ensina a sorte dos amantes traídos
a mim que fui teu melhor discípulo
quando te seguia por onde fosse até morrer!
E eu morri.
Agora me mostra tua maestria,
a arte mordaz de trair sem pesar,
sem pensar vezes duas
porque de partir corações tu és mulher.
Partiste minha vida em duas vidas
Uma antes, outra depois da tua vinda.
E eu que havia abandonado tudo!
Esqueci de ficar com o melhor que me restava, que era eu.
E parti para aventuras por outro rumo,
dentro de você.
E a vida que foi toda minha um dia agora é morte.
Ah, maldita sorte, estar apaixonado!
Estar cego!
Estar certo de tudo! E tudo é nada.
O mais errante dos homens amando o próprio engano.