Versos de uma vida distante

Um dia fosse quão distante meu sorriso

A se perder entre risos distorcidos

E outrora tanta dor me encontrasse

Sararia entre prantos derramados

Porém assim eu diria de mim mesmo

O sofrer mais que a dor abandonada,

O abandono bem maior quando vivia

Bendizendo minha vida enlutada

De mim mesmo, quando só no meu jardim

Plantar pude toda flor que merecesse

Meu carinho quando, então, adormecido,

Acordava mesmo embora padecesse

Ah, relembro os difíceis de um passado

Dias longos mas saudosos do porvir,

As bravuras a saudar da esperança

Os momentos relutantes em advir

Se entristecido agora eu me encontro

Louco, turvo, se me perco esperando

Quero ao menos sentir-me bem mais leve,

Poderia estar ao menos me encontrando

Mas a parva dista vida entristecida

Pelo tempo a ilusão a desgastar

Não quer mais esperar pelo meu pranto,

Somente o meu encanto desabar

A vida, oh lápide esquecida,

É o sopro palpitante em meu peito

Qual agonizante de um peixe o respiro

De ar um pouco implorando em meu leito

Mas agora vão-se no ocaso os dias

Cada fio de cabelo embranquecer,

Não queria a minha vida só pintar,

Tão somente não a ver envelhecer!

‘Inda é a juventude que se embala

A mente entorpecendo alucinada

Se distorce pelos sonhos tanta dor

Mas na vil realidade acordada

Este é o legado que eu deixo:

A esperança que este jogo, se acabado,

Por ter vencido mais que um trofeu eu seja,

Um pouco mais que um sonho esquecido...