Hoje eu acordei e deixei de existir
Esvaeci de mim um instante
A dor era intensa para resistir
Entreguei-me como um presente.
 
De olhos aflitos e de boca calada
Não precisei chorar um lamento
Não havia motivo, não havia nada
Só um corpo inerte em sofrimento.
 
Hoje foi a última vez que me vi
O espelho estava embasado
Não tinha nada para se vê
Meu reflexo estava límpido.
 
Meu corpo uniforme e vácuo
E mãos que não segurava a flor
Meu desejo iludido e inócuo
Não recebia e acolhia teu amor.
 
A coisa que unia minhas confinas
E refletia no espelho um ser fiel
Estava aflito, não tinha disciplina
Promulgava um pesadelo cruel.
 
O sono profundo que leva a você
Estava no domínio de minha alma
Não sabia como sair, se esconder
Voltar a si, recorrer à fé, a calma.
 
Estava entregue de mãos atadas
Estava preso a seu marasmo
Você esboçava um sorriso de fada
Minha alma prolixa ficava a esmo.
 
 
Léo Pajeú Léo Bargom Leonires
Enviado por Léo Pajeú Léo Bargom Leonires em 16/08/2011
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