Quarto escuro
“(...)Aqui dentro a chuva cai.
E as luzes se acendem,
Mas nenhuma ilumina
O meu coração(...)” (Novo Som)
Olho o céu por uma fresta
Chove e molha o meu sapato
Abandonado
Debaixo da janela...
Eu olho os grandes prédios
Todos iluminados
E no varal deixo molhado
Meu terno...
Vagarosamente o dia passa
E eu estou só
Já até desfiz o nó
Da minha gravata...
Deixo largados
Meus livros
Esquecidos
No armário...
E preso aos meus sussurros
E às indagações velhas
Nem uma centelha
No quarto escuro...
Em São Paulo, chove há horas
Há rachaduras no meu telhado
Aqui dentro do meu quarto
Escuro e molhado...
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Diário de um seminarista, São Paulo, março de 2009.