Trancando a porta

Trancando a porta

Ontem comi o jardim

e nem senti os espinhos

o tanque de lavar roupas

foi pouco para tanta sede

fechei a casa por dentro

e saltei a janela para dormir

embaixo do flamboyant florido

e ao amanhecer nem falei comigo

cansado demais de sonhar

com uma vida muito diferente

do que esta que levo agora

queria somente sair disso tudo

de tanta gente em minha casa

todas fazendo barulho dia e noite

nas cartas, fotografias e recordações

e quanto grita essa tal de saudade

e o abandono nunca me deixa em paz

queria simplesmente expulsar

todo esse povo rapidamente daqui

dizer que não quero mais sofrer

falar que já enjoei de tédio e uísque

mas meu medo é na hora da despedida

pois sou apenas um para acompanhar

tantos que sou eu partindo

que tenho de ficar sofrendo.

Rangel Alves da Costa

blograngel-sertao.blogspot.com