POEMA DA SOLITÁRIA MADRUGADA
A madrugada é um outro mundo,
um outro tempo,
um outro modo de viver;
um ser de mil tentáculos.
Na madrugada implodem as regras
impostas pelo dia
e por sua luz,
nem sempre claridade.
Na madrugada mata-se e morre-se,
ama-se, se possível, e, sobretudo, odeia-se,
feito garrafa que se quebra
no início da briga.
Nada resiste às suas imposições.
Se, por acaso, andares por ela,
por seus becos e vielas,
tome todo cuidado; respeite-a.
Mas eis que se faz manhã,
as cores voltam, os bêbados somem,
os pássaros cantam, despreocupados,
na ilusão de ter escapado do pesadelo.
- por JL Semeador, em 20/03/2011 -