Lembranças musicadas

"Salve-se quem puder!"

Fecho os olhos,

Respiro fundo.

Transe profundo...

Vozes eufóricas no trem como "om"

Em minha cabeça.

O corpo sabe.

A mente entende.

A gente esconde.

A mente entende!

Escondida,

Como que por indução.

Sabida.

E, mesmo depois de tanto tempo,

O rosto sente a marca dos dedos

Ardentes sobre a pele.

Vermelhos sobre o branco.

O rosto vira bruscamente com a colisão.

O cabelo tampa a boca como mordaça.

E cobre os olhos como venda.

E o sangue fervilha.

O corpo queima.

E treme febril.

E, mesmo depois de tanto tempo,

O esquecido formiga as costas.

O passado sabe brincar com o presente...

Surpreendente.

O imutável passado...

Com o incomunicável futuro!

E mesmo depois...

Ainda entende.

O tempo...

Não se apaga.

"A primeira vez sempre dói."

Depois... depois.

É uma formiga a andar pelo corpo,

Uma serpente a apertar os braços,

Um crocodilo a abocanhar as costelas...

Como num sonho.

Dói, porque sabe que dói.

Uma sombra da sombra da dor:

O passado.

Sabrina Vieira
Enviado por Sabrina Vieira em 14/01/2011
Reeditado em 28/09/2012
Código do texto: T2729875
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