MARIPOSA
Na penumbra, sem medo, ela voa.
Batendo asas, acaricia a noite.
Sem Lua, sem bússola nem gps,
vai tateando o escuro.
Nem sabe onde chegar. Como nós.
A luz é o seu porto seguro ou incendiário.
Melhor o tempo de lagarta.
Ao menos não havia essa busca.
Era tudo perder a casca.
Como nós.
Claro ou escuro. Igual chopp.
Tem uma hora que a consciência
vai embora.
A vista azula. A luz anula.
E o anú à espreita.
Em desespero, ela mergulha em solidão.
Como nós.