ASAS DE CUPIDO OU SOLIDÃO MARMORIFICADA
Nasceste e não aprendeste a crescer,
Crescer talvez seja ficar mais triste,
Porque as criança só choram
Por pura pirraça de suas mentes,
Quando vão deixando de ser criança — o tempo todo
É só risos...
Mas o adulto chora por tudo,
Por carros, vias, trilhos e amores:
Crianças não veem isso, só percebem
O que é colorido feito a vida:
O punhado de sol à tardinha,
A nuvem no papel que caminha,
A formiga no quintal que canta...
Criança é feliz porque sabe sonhar,
Os adultos não sabem brincar
De faz-de-conta, só de faz-de-verdadinha
Por isso pensam viver...
Mas viver não é viver é desviver
A angústia que nos encaminha
Para qualquer tempo, para qualquer Era.
Só as crianças vivem, só as crianças sabem viver
Porque não se preocupam
Em viver...
Elas desvivem...
E desvivendo vivem mais
Do que qualquer ente que se ache
O maior, o melhor na arte de viver...
Desde que eu te vi, naquela rede,
Soube que eras criança num corpo
De adulto. Criança presa ainda
No balanço entre as árvores aparentes
No quintal. Árvores milenares,
Que sem viverem, já pintaram a potência
De duas mil e sete vidas
Que jamais souberam viver!
Tu sabes viver, criança...
Vive a tua e a minha vida
Deixada por lembrança nos odres afora...
Nunca soube tecer abraços campestres,
Nunca aprendi a amar com risos,
Nunca compreendi a linguagem das estrelas,
Nunca provoquei ventanias em alguém,
Nunca fui criança!!!