ASAS DE CUPIDO OU SOLIDÃO MARMORIFICADA

Nasceste e não aprendeste a crescer,

Crescer talvez seja ficar mais triste,

Porque as criança só choram

Por pura pirraça de suas mentes,

Quando vão deixando de ser criança — o tempo todo

É só risos...

Mas o adulto chora por tudo,

Por carros, vias, trilhos e amores:

Crianças não veem isso, só percebem

O que é colorido feito a vida:

O punhado de sol à tardinha,

A nuvem no papel que caminha,

A formiga no quintal que canta...

Criança é feliz porque sabe sonhar,

Os adultos não sabem brincar

De faz-de-conta, só de faz-de-verdadinha

Por isso pensam viver...

Mas viver não é viver é desviver

A angústia que nos encaminha

Para qualquer tempo, para qualquer Era.

Só as crianças vivem, só as crianças sabem viver

Porque não se preocupam

Em viver...

Elas desvivem...

E desvivendo vivem mais

Do que qualquer ente que se ache

O maior, o melhor na arte de viver...

Desde que eu te vi, naquela rede,

Soube que eras criança num corpo

De adulto. Criança presa ainda

No balanço entre as árvores aparentes

No quintal. Árvores milenares,

Que sem viverem, já pintaram a potência

De duas mil e sete vidas

Que jamais souberam viver!

Tu sabes viver, criança...

Vive a tua e a minha vida

Deixada por lembrança nos odres afora...

Nunca soube tecer abraços campestres,

Nunca aprendi a amar com risos,

Nunca compreendi a linguagem das estrelas,

Nunca provoquei ventanias em alguém,

Nunca fui criança!!!

MIRANIL MORAES TAVARES
Enviado por MIRANIL MORAES TAVARES em 07/09/2010
Reeditado em 12/09/2012
Código do texto: T2483093
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