TRAVO AMARGO

Cigarro após cigarro travo o

fundo amargo do tabaco.

Cinzeiro cheio diz de minha

ânsia sem precedentes.

E o sabor do café morre

maduro no meu palato.

Por certo procuro algum

bem estar, que não vem.

Na rua as pessoas passam

indiferentes a tudo isto

e eu me conformo diante

do espelho obtuso.

Não é o que eu queria mas

é o que tenho e vejo-me

limitado ao sonho precoce

que nunca é como eu desejo.

Acendo outro cigarro e bebo

um gole de café frio entretanto.

Tento fazer um poema mas

as palavras fogem-me

e eu não consigo seguir seu

raciocínio lógico e prudente.

É certo que este calor que

resolveu aparecer

não veio fora de horas e eu

que detesto o cheiro do suor.

Sou prepotente quando

penso que isto só acontece a mim.

Mas eu não queria nem um único

cigarro, que me mata lentamente.

Sou sobrevivente e não deixo

meu destino por mãos alheias.

Vou-me embora a poesia já

disse o que queria.

Só eu não sei se disse o que

gostaria de ter dito.

Enfim eu não sou perfeito

terão de se haver com o que escrevi.

Jorge Humberto

08/07/10

Jorge Humberto
Enviado por Jorge Humberto em 09/07/2010
Código do texto: T2367542
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