ABANDONO

Tudo morre de repente.

Nada fica, nada somos.

As nuvens dissipadas pelos ventos,

O sol que tomba na escuridão,

A espuma das ondas

Que morre mansamente

Na areia quente da praia,

E nós, um pouco a cada dia.

Languidamente,

As lágrimas se desfazem

Ás margens do silêncio.

É o gosto amargo na boca

Como mágica cortante da nossa

Existência caduca e desvairada.

Ocultamos nossos enganos

Como quem pisa em flores

Ao longo do caminho.

Seguimos em frente

Atrás de sonhos e desejos

Para não fazê-los de sepulcros,

Alforria de segredos inúteis.

Vimo-nos a sós.

E a solidão

É alvorada calma e branca.

As noites são mórbidas,

E os poetas quebrantados.

A vida ri, madrasta.

E nós, meras cobaias.

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Ieda Alkimim

Ieda Alkimim
Enviado por Ieda Alkimim em 20/12/2009
Código do texto: T1987974