ABANDONO
Tudo morre de repente.
Nada fica, nada somos.
As nuvens dissipadas pelos ventos,
O sol que tomba na escuridão,
A espuma das ondas
Que morre mansamente
Na areia quente da praia,
E nós, um pouco a cada dia.
Languidamente,
As lágrimas se desfazem
Ás margens do silêncio.
É o gosto amargo na boca
Como mágica cortante da nossa
Existência caduca e desvairada.
Ocultamos nossos enganos
Como quem pisa em flores
Ao longo do caminho.
Seguimos em frente
Atrás de sonhos e desejos
Para não fazê-los de sepulcros,
Alforria de segredos inúteis.
Vimo-nos a sós.
E a solidão
É alvorada calma e branca.
As noites são mórbidas,
E os poetas quebrantados.
A vida ri, madrasta.
E nós, meras cobaias.
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Ieda Alkimim