LUGARES

LUGARES

No lugar onde estou agora escrevo,

Escuto músicas, fumo um cigarro

E penso.

Este lugar, um improvisado escritório,

Torna-me presa do que ora descrevo :

Qualquer movimento, um leve esbarro

Faz ruído que incomoda o silêncio denso

da madrugada, um lugar notório

Para estar.

As melodias estão livres no headphone,

Egoisticamente compartilhadas por dois ouvidos

E assimiladas por um cérebro acordado.

A fumaça do cigarro passa de um lugar

Para outro, deixando marcas, um tom

Preenchido, avassalador, dedos e boca fedidos:

Assim sinto como preclaro viciado.

A caneta escreve parte do que a mente pensa.

As outras partes vêm, ficam, vão, só ela sabe.

Será que o quê está escrito compensa

Ignorar em que mãos este papel escrito acabe ?

Talvez seja por isto que haja lugares pares

E lugares ímpares.

E lugares díspares

Para que (só) tu pares

E então repares

O lugar dos lugares...