CONFISSÃO
Sociedade hipócrita e desproporcional,
amordaça meus íntimos bramidos,
incontidos desejos premeditados.
Admirado entrevejo a brandura do teu ser.
Sussurrarei diabruras nos teus ouvidos!
Teu silêncio hipnotizante
abranda minha intensidade.
Enveredo num atalho
submergido na dor,
rosnando desregramentos
no meu descontentamento.
Desumano é não te possuir por inteiro.
Insistentemente me conduzo a um vespeiro.
Deslealdade é
não ser percebido nas entrelinhas.
Ainda acabo por embelecar na melancolia.
Inquirir e pouco encontrar no teu olhar.
No desânimo
resfolegar.
Incerteza de querer ou não se entregar,
medita na secreta intimidade.
No teu corpo não posso navegar?
Basta que assim o declare:
sim! Assim eu quero,
deixar-me-ei velejar.