MOMENTO DE LOUCURA
É quando nos sentimos, mais sozinhos,
enfrentando, por nós mesmos,
insana solidão, que, tantas vezes, nos
traz a loucura, escondida nas mãos,
para que não haja tempo de reacção
e toda a nossa fortaleza, feneça,
como um castelo de areia, à beira-mar,
que nos damos conta, do que realmente,
nossa mente enfraquecida, está
prestes a cometer, sem inteligência
ou bom senso, que lhe valha.
Tento pensar e afastar, os malditos espectros,
que fazem com que deambule, de um lado,
para o outro, do quarto, que se tornou
desconhecido para mim, ao tacto e ao olfacto.
Com alguns princípios, do que se poderia
chamar de loucura, aproximo-me de
minha biblioteca, e, sou assaltado por figuras,
saídas dos livros. Confrontando-as, e, num
acesso de fúria sem sentido, jogo tudo no chão,
enquanto o espelho escarnece, ante a comicidade.
Febril e meio tonto, vou tropeçando, aqui e ali,
e bebo do absinto, por mera tentativa de
equilíbrio, e, a meus pés, invade-me a água,
escorrendo da banheira, que, por desnorte,
esqueci-me de fechar, e, tresloucado, rio-me
de tal façanha, assumindo, que, afinal, é só
um pouco de água, que logo faço por esquecer.
Há minha volta tudo bóia, livros, cadeiras, meu
pensamento de um dia; e, nem sei mais, se
ainda há jardim lá fora, com rosas brancas.
Não sei nem porquê, encontrando um livro seco,
coloco-o por sobre meu joelho, e, tento ser
racional, fazendo disto tudo, uma inspiração.
Só que os versos, vazios de conteúdo,
têm sua sentença final, ao ficar esborratados,
na roupa molhada e desajeitada.
Porque não vens, meu amor maior? apenas
desejo tua mão, sossegando minha fronte:
que alguém ousou roubar, aproveitando tua
ausência querida, deixando-me quedo, na
minha própria loucura.
Jorge Humberto
07/1 2/08