Da cidade ás persianas

À cidade: ansiedade;

Veio tatear com negros palpos

O repousar dum homem temeroso

Mordazes, como outrora, eles são:

No pulso destoante as sirenes

Na atmosfera metalina adentro dos pulmões

Na condensação da calma em suor

A minar as forças, acuam a autocensura!

E no torpor sentido se emaranha

Qualquer outro sentido consolador

Que o seu estágio clínico reverta

À cidade: improbabilidade;

De nunca esbarrar em paixões incondicionais

De alguns segundos duradouros

Entre tuas travessias

De no fim do expediente não olvidar-se

Dos prazos, e desfrutar boa companhia.

De não satirizar á si mesmo

Da cidade: ferocidade;

Na disparidade entre as classes

Que roteiriza tragédias traumáticas

Que destoam em síndromes coletivas

Na trajetória retilínea dos pássaros

Que se chocam nos pára-brisas

No endividamento da’lma sânie

Na cidade: oportunidade

De saldar os danos, a cicatriz.

De ir e vir-se a transformar

Na vivência solidária,não solitária

De argüir-se partidário do amicíssimo

E de, por fim, fender às persianas:

Para a cumplicidade!