Espelho de Sangue
Os poemas vão sangrando aos poucos
Nas horas em que me abandono a mim mesma
Nos momentos em que concentro uma vida inteira
No interior de um segundo de existir
Aos poucos, palavras rubras gotejam da minha solidão
Escorrendo em traços ígneos de versos
Queimando o rosto que as sente escorrer
E de escorrer e queimar
Alcançam-me o coração
Formando um espelho de sangue
Que reflete minha desilusão
E de cair e chorar
Inundam minha alma
Corroendo-me a sanidade
Tiram-me a calma
E de abandono e solidão
Vou arrastando meu ser
Entre as brumas da escuridão
Prolongando uma sobrevida
Que as horas levarão...