FALTA DE INSPIRAÇÃO
Dizer-vos que hoje estou sem inspiração;
nada me ocorre, foi-se o pensamento.
E ainda que apele ao fértil coração,
em silêncio se mantém, o meu alimento.
Acho até que é uma falta de respeito,
estar a escrever sem saber de régia regra.
Dói-me tudo, sobretudo o peito,
que morto se parece e a tudo se nega.
E se eu escrevesse algo sobre o amor,
os sentidos se apurariam? O aparo consentiria?
Nada… nem isso! Mas não custa supor,
que a palavra, seu rumo escorreito seguiria.
E esta falta de atinação, que me deixa disperso,
deixa-me assim, à deriva: e eu vou com ela.
Então para não vos saturar, com o pérfido verso,
deixo-vos em paz… que me dirá das ruas, a janela?
Jorge Humberto
26/06/08