A FRIA METADE DO TRAVESSEIRO...
Sentado na beira da cama as cinco da madrugada, acendo um cigarro e penso
no que falta aqui do meu lado
Um vaso vazio decora o meu fitar, fixo na parede fria e tranquila dessa casa sem vizinhos
Em meus pés, calço apenas um chinelo velho que ganhei de presente
Até pouco tempo atras havia muita musica, pessoas e palavras cantadas suavemente em meus ouvidos
Ouvidos que permaneçem em silencio, calados como a fuga do mar para o horizonte infinito
Penso nessa incansavel busca pelo que falta estar aqui ao meu lado, penso nas fotografias que não quero mais ver
Sussurro uma musica, e trago as mais loucas noticias de dentro de mim, preciso aprender a só ser, preciso aprender a ter.
Tudo é tão unidade! Tudo é tão silencio!
Um copo, um prato e ninguem pra dividir o fone de ouvido.
Penso em ate quando consigo sobreviver a toda essa eternidade de tons agudos.
Eu não posso mais guardar flores nem decorar textos.
Penso em quando vou poder ligar e desejar um bom-dia!
Penso em quando vou poder olhar para o visor de telefone e ler algum nome que me acalme e me arrance um sorriso.
Tudo é tão cor de nada! Tudo é tão sem fim!
Sem roupas para me preocupar nos domingos, sem medo de dizer algum palavrão.
Deixo meus sabados para outro qualquer, prefiro te chamar pela parede do quarto.
Prefiro te chamar rabiscando meu caderno, sempre sem sucesso.
Estou certo em guardar minhas frases decoradas para o futuro?
Uma casa cheia de coisas vazias.
Uma metade fria de um velho travesseiro.
Penso que não deveria estar aqui, penso que sobrei entre milhares de argumentos inuteis.
Penso que talvez eu tenha sido mais um bilhete jogado dentro do guarda-roupas.
Tudo é tão hoje! Tudo é tão distante!
Cinco minutos de silencio com o cigarro já no cinzeiro, volto para cama é sinto esse frio solitario no canto da cama.
Preciso aprender a ter, preciso aprender a não ouvir tudo o que a saudade diz.
Preciso jogar as minhas melhores lembranças dentro de um bau de aço.
Preciso aprender a não te ver, preciso de uma nova porta.
Tudo é tão sonho! Tudo é tão você!