Mistério do peito
A consciência em mim a luz acende,
E diz: "Sê grato, em tudo, ó alma aflita,
Na dor, na amargura, que a ferida incita,
Que, assopre embora, nunca se suspende."
Sorrir devia a toda a humana gente,
Pois a vida, em pouco, muito me deu,
E a consciência, que me ergueu, venceu,
Acompanha o que se perde, renitente.
Eis o que pesa, em meu peito a morar,
Mistério que ninguém, nem eu, define,
E que, findo, renasce a latejar.
Sorrir devia, em trevas, ao que incline,
Mesmo que a dor, o vazio a transpassar,
Jamais do coração se peregrine.